No consultório, tenho visto cada vez mais mulheres chegando com uma dúvida em comum: “Doutora, estou usando a caneta de emagrecimento, e agora?”


Nos últimos anos, os análogos de GLP-1, como semaglutida e liraglutida, ganharam fama e até apelidos como “canetas emagrecedoras”. O apelo é grande: resultados rápidos na balança e, muitas vezes, sem aquela luta diária contra a fome.


Mas emagrecer apenas com a ajuda do medicamento — sem ajustes na alimentação e sem suporte profissional — pode trazer riscos importantes.




O que são os análogos de GLP-1?


Esses medicamentos “imitam” um hormônio intestinal chamado GLP-1, responsável por aumentar a saciedade, retardar o esvaziamento gástrico e regular a secreção de insulina.


Eles foram criados inicialmente para o tratamento do diabetes tipo 2, mas também mostraram eficácia na obesidade. O ponto é: reduzir a fome não é sinônimo de emagrecer com saúde.




Os riscos do uso sem orientação nutricional


Na prática, vejo muitos efeitos colaterais quando o tratamento é feito sem acompanhamento nutricional:


  1. Déficit proteico e calórico – menos apetite significa menor ingestão de nutrientes essenciais.

  2. Perda de massa magra – um dos riscos mais sérios da perda de peso rápida.

  3. Deficiências de vitaminas e minerais – a baixa ingestão alimentar pode gerar carências. Vejo muita gente ficando com a imunidade lá em baixo por falta de vitaminas e minerais.

  4. Efeitos colaterais mais intensos – como náuseas, constipação e mal-estar.

  5. Efeito rebote – sem reeducação alimentar, o peso perdido tende a voltar caso você pare de usar a caneta.




O papel do nutricionista


O acompanhamento nutricional é o que garante que o uso do GLP-1 seja seguro, sustentável e eficaz.


👉 Com a orientação certa, é possível:


  • Proteger a massa magra, ajustando a ingestão de proteínas.

  • Usar suplementação estratégica, como whey, creatina, leucina e micronutrientes.

  • Detectar sinais de desnutrição oculta logo no início.

  • Evitar o efeito sanfona, criando estratégias para manter os resultados a longo prazo.

  • Trabalhar junto ao médico, acompanhando toda a evolução clínica.




Massa magra: o ponto crítico


Estudos mostram que até 40% da perda de peso com GLP-1 pode vir da massa muscular se não houver suporte nutricional adequado. Pra começar, perder massa magra não é emagrecer, é perder apenas peso. Emagrecer envolve melhora da composição corporal, ou seja, maior perda de gordura do que de músculo.


Além disso, perder massa magra não é apenas uma questão estética. Isso compromete o metabolismo, o equilíbrio hormonal, aumenta o risco de sarcopenia e dificulta a manutenção do peso no futuro.




A suplementação como aliada


Dependendo do caso, a suplementação pode ser fundamental:


  • Proteína isolada ou hidrolisada → mantém aporte proteico mesmo com pouco apetite.

  • Creatina → preserva força e massa muscular.

  • Leucina ou Amonio ácidos essenciais → estimulam a síntese proteica.

  • Multivitamínicos de alta biodisponibilidade → evitam deficiências nutricionais.




Para concluir


O GLP-1 pode ser uma ferramenta importante no tratamento da obesidade, mas ele não faz milagres sozinho. O acompanhamento nutricional é o que transforma o remédio em um aliado seguro e eficaz.


💜 Se você está em tratamento com GLP-1 (ou pensando em começar), procure orientação nutricional. É isso que vai garantir que seu emagrecimento seja saudável, preservando sua energia, sua massa magra e seus resultados a longo prazo.